#8 André Pipipi

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Data da Entrevista: 04/10/2010

Esse sujeito simpático na foto, é mais conhecido como André Pipipi. Residente e criador da Festa Beats, ele também é produtor e dj nas suas horas livres. André tem feito bons remixes de baile funk e com grande sutileza consegue inserir as batidas de baile funk em músicas eletrônicas bem conhecidas, deixando um charme a lá brasileiro nos remixes. Conversamos com o produtor para entendermos um pouco mais da cena de musica eletrônica no Rio de Janeiro e de suas produções:

Como foi o seu primeiro contato com o Baile Funk?
Quando criança eu escutava muita rádio. Aliás, sempre tive um contato muito grande com a música em geral. Desde bebê só conseguia dormir escutando música. Mas foi por volta de uns 9/10 anos que comecei a escutar direto a rádio Manchete FM, que tinha um programa diário com inúmeras músicas de Baile Funk da época. E a grande sacada do programa era que sempre lançavam uma música nova por dia. E tinha votação pra escolher o nome da “melô”. Adorava isso. Era muito viciante.

Conta pra gente, como é a cena de musica eletrônica no Rio de Janeiro.
Infelizmente o Rio está vivendo um momento em que a cena de música alternativa em geral está sendo bombardeada com inúmeras festas realizadas por djs com pouquíssima qualidade. Isso faz com que o critério do público em geral decaia bastante. E isso acaba atingindo a cena eletrônica de qualidade, que acaba ficando presa a um público pequeno, mas muito fiel. De qualquer maneira, acredito na força da cena para se recriar e deixar passar esse momento turbulento.

Por ser do Rio de Janeiro, a galera aceita melhor o baile funk nas baladas ou sempre rola um preconceito?
De certa forma ainda rola um preconceito, ainda mais com produções atuais como o ElectroFunk e o Neo BaileFunk. Mas sempre existirá um público que entende o baile funk como música eletrônica brasileira, e incentiva novas produções e DJs que gostem de tocar este estilo de música. Mas isso é algo muito recente ainda. Falta atingir a massa. Mas sou do princípio que se ganha pelo cansaço.

Muitos artistas da favela vão tocar nas baladas ou isso só ocorre quando estoura alguma música, tipo Mc Leozinho com Se ela Dança eu Dançou ou o famoso Creu.
Se formos ver pelo lado da cena de música alternativa no Rio, isso não acontece. Poucas são as festas que investem nessa interação entre a música eletrônica e o BaileFunk. Mas acredito que o público está começando a entender melhor esta mistura, o que só aumentaria num futuro próximo, a chance de cada vez mais artistas das favelas se apresentarem em lugares alternativos no Rio.

Você tem feito boas produções de funk, como é o seu processo de criação?
Recentemente uma banda do Canadá, The Dirty Tees, entrou em contato comigo e me pediu um remix BaileFunk da música de divulgação do primeiro álbum deles. Fora esses casos, o normal é escutar uma música e imaginar uns atabaques e tambores ao fundo. Faço uns testes no Ableton Live e, se percebo que esse remix tem futuro, trabalho nele.

Conta a sua carreira de produtor e dj pra gente.
Comecei como DJ em 2007, após ter me formado num curso que existia aqui no Rio, do DJ Yanay. Após algumas participações em festas de amigos, resolvi produzir a minha própria, BEATS, pois percebi que a música que gostava de tocar e escutar não se encaixava em nenhuma festa existente então na época. Após uma edição em 2007 e outra em 2008, resolvi que em 2009 deveria ser o ano para a divulgação, e convidei um amigo (DJ Flávio Quest) para produzirmos juntos a festa. Desde então tem sido um sucesso.

Como produtor comecei em 2009. Sempre fiquei impressionado com a qualidade com que os produtores faziam com que as músicas originais virassem outra completamente diferente. E sempre toquei músicas remixadas no meu set. Foi como uma evolução natural. Comecei a estudar através de vídeos no Youtube e trabalhei no fim de 2009 dentro Ableton Live o meu primeiro remix: YYYs – “Heads Will Roll” (A-Trak Remix) (Andre Pipipi Baile Funk Edit). Em 2010 procurei coletar inúmeros samplers para aprimorar a minha produção e, desde então, venho produzindo regularmente.

Já chegou a tocar aqui em São Paulo ou conhece a cena daqui?
Toquei em 2008 em uma festa de rock, a Sound. E foi só. Gostaria muito de poder voltar a tocar em SP, agora muito mais experiente, e gostei bastante do público. Pintando convites irei sem dúvida! E tenho que reconhecer que conheço pouco da cena de SP, mas o pouco que sei posso dizer que é muito melhor do que temos aqui no Rio.

Qual os produtor que mais te chama atenção?
Existem 2 produtores que me chamam muita atenção hoje: Ophex e LunyP. Me impressiona a qualidade das produções. Ainda mais se levarmos em conta o local onde moram (Lituânia e Austrália). É nessas horas que percebo que o BaileFunk já virou um estilo de escala mundial. Mas não posso deixar de mencionar o trabalho do Sany Pitbull e do DJ Marlboro. Cada qual com seu estilo, mas que a cada dia só engrandecem o movimento.

Qual Mc mais te chama a atenção?
Em SP gosto do trabalho do Xis. No Rio gosto muito do estilo escrachado e debochado do Gorila.

O que você acha dos gringos que produzem baile funk?
Acredito que foram os gringos que de certa forma chamaram a nossa atenção para o fato de que o Baile Funk é a grande música eletrônica brasileira. E esse reconhecimento vem justamente através do interesse cada vez maior deles em produzir dentro do estilo. Principalmente quando misturam com músicas locais, como o Ophex já fez. E esse tipo de coisa acho sensacional para a evolução do movimento.

Qual seria o Top 5 do baile funk pra você?
1 – Funk Cabeça
Cidinho e Doca – “Rap da Felicidade”
MC Bob Run – “Rap do Silva”

2 – Funk Apaixonado
MC Marcinho – “Rap do Solitário”
Coiote e Raposão – “Estrada da Posse”

3 – Funk Melody
Stevie B – “Spring Love”

4 – Funk Engraçado
“Rap do Surfista”
“Melô do Marimbondo”
MC Batata – “Feira de Acari”
DJ Cuca – “Melô do sabonete”

5 – Funk Gringo
Qualquer uma que o Diplo tenha produzido

Ah sim, ultima pergunta, Porque Andre Pipipi?
Essa resposta vem em 2 partes…hehehe…primeiro o porquê do termo Pipipi. Era como a avó de um amigo meu chamava os jogos de videogame: “Vocês já vão ficar brincando com esses joguinhos que fazem pipipi…”. Nessa mesma época, quando era adolescente, falavam que eu tinha facilidade com os jogos. Ganhava de todo mundo, batia recordes e sempre passava das fases impossíveis. Acabou associando uma coisa à outra. E esse apelido eu ganhei tem uns 18 anos, mas são esses que ficam pra vida inteira! 🙂

Granada – Everyone Wants to (Andre Pipipi Baile Funk Remix):

The XX – Islands (Andre Pipipi Baile Funk Remix):

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